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sábado, 11 de maio de 2013

Cinema x Literatura na obra de Virgínia Woolf

Crédito da imagem: Blog do Sertão.net


Da mesma maneira que a literatura foi a expressão artística de maio repercussão nos séculos XIX e XX, o cinema desponta hoje como a mais unificante das artes agregadas a um maior número de interessados, pois possibilita ao mesmo tempo estabelecer a conexão entre texto, imagem e som.

 Há distinções marcantes entre as linguagens literárias e cinematográficas, pois um filme é uma releitura de determinada obra/ texto original onde as mudanças são inevitáveis a partir do momento em que ele salta do meio linguístico para o meio visual, buscando alcançar maior fluidez ao suprimir diversas cenas, imediatismo. Entretanto, embora a obra e versão fílmica sejam diferentes, sempre estarão relacionadas por elementos que ambas possuem em comum.

 Cada obra possui características definidas.

 Em Mrs. Dalloway, Virginia Woolf cria uma estrutura nova narrativa: em que não há distinção entre o sonho e a realidade, entre o passado e o presente. A narração flui simultaneamente a partir do consciente com o inconsciente, a partir da memória para o momento atual. Ela valorizava a subjetividade mais altamente do que a objetividade dos fatos: por causa disso, ela se recusou a usar um narrador onisciente e ela apresentou um ponto de vista mutante, revelando os pensamentos, sensações e impressões vividas pelos personagens. A técnica utilizada, que visa reproduzir o fluxo de pensamentos em uma mente individual e para retratar a consciência humana, é chamado de fluxo de consciência.

Seu romance envolve constante mudança para trás e para a frente no tempo de acordo com as lembranças despertadas em seus personagens. Sua ficção é caracterizada por dois níveis de narração, um dos eventos externos dispostos em ordem cronológica e uma do fluxo de pensamentos organizados de acordo com a associação de idéias.

 No que diz respeito à comparação entre o filme e o romance, as conexões estão escondidos naqueles aspectos que a técnica narrativa do romance e os efeitos cinematográficos utilizados no filme têm em comum. Bem como o fluxo de consciência representa o fluxo de pensamentos na mente dos personagens, de modo que o flash-back empregado no filme mostra memórias, devaneios e fantasias como se fossem recolhidos em um só instante no presente. O romance e o filme têm também alguns temas em comum, como por exemplo, doenças mentais, desconforto humana na sociedade e na vida papel individual impõe a todos, e suicídio. No filme as cores utilizadas para compor o cenário de cada uma das personagens nos transmitem a imagem de depressão e tristeza, além da entonação das vozes, que transmitem de maneira pesada o profundo sofrimento que cada uma vive em sua prisão mental. A utilização de signos não lingüísticos, como expressões faciais, olhares (distantes ou críticos), as profundas respirações entre pausas, (como forma de nos dizer que tudo seria diferente se elas tivessem o poder de decidir) permite a visualização do texto em imagens, cenas. Quando se percebe a diferença entre os meios de expressão aqui focados, é possível vislumbrar a rica contribuição que uma arte traz à outra.